A união feminina nas redes sociais

[...] Falta o amor e respeito ao próximo, é preciso criar movimentos para se fazer debater o assunto. A força das redes sociais tornou isso possível, foi se construindo um ambiente para a lu

11 ABR 2018 · Leitura: min.
A união feminina nas redes sociais

Um marco da união feminina nas redes sociais ocorreu em 2015: o surgimento de um movimento chamado de "A Primavera Das Mulheres". Trata-se de um movimento político e social composto por manifestações e campanhas envolvendo temas como aborto, sexualidade, independência, igualdade de gênero, justiça, liberdade, etc.

Os temas levantados pelo movimento, remetem ao quanto as mulheres ainda são discriminadas, menosprezadas e agredidas (psicológica ou fisicamente). Falta o amor e respeito ao próximo, é preciso criar movimentos para se fazer debater o assunto. A força das redes sociais tornou isso possível, foi se construindo um ambiente para a luta por um mundo melhor, pela felicidade e pela liberdade de ser algo que faça sentido para si mesmo.

Um dos termos que ganhou força com esse movimento é sororidade. Essa palavra pode ser entendida como o amor ou solidariedade entre irmãs, como um termo feminino para fraternidade que questiona a rivalidade no ambiente feminino. Convivendo com alguns grupos e até mesmo observando, percebemos que há uma competição no universo feminino por roupas, corpo, cabelo, carro ou namorado, etc.

Paradoxalmente, essa disputa de aparências é muito visível no ambiente virtual, onde a felicidade não pode ser apenas um sentimento, tem que ser uma experiência compartilhada em fotos e vídeos. Então trazer diferentes pensamentos para esse mesmo ambiente foi uma revolução. As mulheres não queimaram sutiãs, mas podem se olhar no espelho com seus olhos e de mais ninguém.

A vida feminina é transpassada de preconceitos e julgamentos seculares, que ainda existem sim. Termos como esse (sororidade), porém, vêm contestar padrões e hábitos. O olhar passa de "o que o manual feminino exige que seja feito", para " o que eu quero fazer para minha felicidade". Os comportamentos podem ser analisados de maneira crítica e não automática.

Em meio a esses movimentos, surgiram muitas páginas, grupos, blogs que falam sobre feminismo, amor próprio e respeito ao próximo. A página do Facebook "Não Sou Exposição", criada pela nutricionista Paola "Paco" Altheia, é um exemplo.

A ideia surgiu em um período que ela estava completamente envolvida nos treinamentos de ballet clássico a ponto de passar mais tempo com as amigas de lá do que com a própria família. Durante esse intenso convívio, Paco percebeu o quanto as meninas se preocupam com o corpo e são insatisfeitas de serem como são, se criticando constantemente, apontando muito mais seus defeitos do que qualidades e pontos fortes. Um tempo depois, ao começar a cursar nutrição, Paco viu que essa insatisfação com o corpo atinge mulheres em todos os lugares não apenas em ambientes de competição e beleza (de certa forma, o mundo todo são esses ambientes, afinal a aparência "perfeita" ainda é um fator social muito relevante).

A autora da página, procurando entender melhor sobre o tema, criou o blog para compartilhar suas impressões baseadas em estudos de História, Sociologia, Antropologia, Marketing, Psicologia, Gênero, Psicanálise, etc. Em uma conversa comigo, a escritora comenta que diariamente recebe muitas mensagens e jamais pensou que isso aconteceria. Como explicar a disseminação da página? A meu ver, cada vez mais a internet se dispõe a unir pessoas, que se sentiam como uma minoria solitária, a compartilhar vivências e contestar crenças sociais, colocando em xeque julgamentos provenientes até mesmo da própria família. Existem pessoas que podem sim compreender umas às outras, dispostas a se encontrar e acolher. A união feminina foi um "pontapé" para o uso do internet como um ambiente onde junto as pessoas podem se encontrar em si mesmas.

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Escrito por

Psicóloga Thatiana Fraga

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