A psicologia por trás de "O Pequeno Príncipe"

O Pequeno Príncipe é uma obra que não conta com muitas páginas, mas possui diversas situações que são lições de vida e fazem parar para refletir sobre valores que se perdem no cotidiano.

22 ABR 2017 · Leitura: min.
A psicologia por trás de "O Pequeno Príncipe"

"Elas adoram os números. Quando a gente lhes fala de um novo amigo, as pessoas grandes jamais se interessam em saber como ele realmente é. Não perguntam nunca: 'Qual é o som da sua voz? Quais os brinquedos que prefere? Será que ele coleciona borboletas?' Mas perguntam: 'Qual é sua idade? Quantos irmãos ele tem? Quanto pesa? Quanto ganha seu pai?' Somente assim é que elas julgam conhecê-lo."

Assim diz uma das passagens da obra O Pequeno Príncipe, publicada pelo escritor e aviador francês Antoine de Saint-Exupéry, em 1943. Aliás, as asas que faziam parte da carreira profissional de Saint-Exupéry pareciam também permitir que suas ideias literárias pudessem voar por diversas questões da sociedade e do comportamento humano. Não por acaso, a obra, que na maioria das edições não tem mais de 100 páginas, é uma coletânea de acontecimentos e metáforas que são perfeitamente aplicados aos dias atuais.

Para muitos, se trata de um livro para crianças, enquanto outros acreditam que as lições psicológicas são totalmente aplicáveis à vida adulta. Mas, e se o livro foi escrito para a criança que deixou de existir dentro do adulto?

Esse é o ponto que gera um grande debate sobre as diversas passagens da obra, que não deixa de ser um reencontro do próprio aviador Saint-Exupéry com a criança que ele teve que deixar de lado para ingressar na vida adulta. Coincidência ou não, o príncipe também tinha a habilidade de voar.

Para celebrar o Dia Internacional do Livro, comemorado no dia 23 de abril, separamos alguns pontos da obra, uma das mais traduzidas no mundo. Entre idiomas e dialetos, estima-se que o Pequeno Príncipe possui mais de 200 traduções.

Da simplicidade à dureza do cotidiano

É possível viver como uma criança na vida adulta? Possivelmente, não. Porém, isso não quer dizer que o ser humano necessita abrir mão de valores e sonhos que podem ser aplicados à dureza da vida cotidiana.

A poda dos sonhos, aliás, tem ocorrido cada vez mais cedo. Em muitos casos, é provocada pelos próprios adultos, os quais esquecem que a criança necessita passar por experiências que são responsáveis pela formação de seu caráter. É a chamada "adultização da infância".

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Por falar nisso, um exemplo é destacado já na primeira parte de O Pequeno Príncipe, quando o autor conta ter desenhado uma jiboia que havia comido um elefante. No entanto, o desenho foi confundido por um chapéu por adultos, que o aconselharam a dedicar-se a algo considerado mais concreto, como geografia, matemática ou gramática. Acreditavam que ele não levava jeito para a arte.

Da dureza à pureza de uma criança

Em uma das passagens da obra, Saint-Exupéry escreve: "todas as pessoas grandes foram crianças, mas poucas se lembram disso". Para muitos, é como se estivesse olhando para dentro à procura de valores de simplicidade, que se perderam com o tempo.

Algumas frases, como as destacadas a seguir, são exemplos de conceitos existenciais, que recuperam um pouco do olhar e da pureza da criança, além de fazerem refletir com atenção sobre comportamentos do cotidiano:

  • "O essencial é invisível aos olhos, e só se vê bem com o coração."
  • "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas."
  • "Quando a gente anda sempre em frente, não pode ir muito longe."
  • "É bem mais difícil julgar a si mesmo que julgar os outros. Se consegues fazer um bom julgamento de ti, és um verdadeiro sábio."
  • "O verdadeiro homem mede a sua força quando se defronta com o obstáculo."
  • "É preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser conhecer as borboletas."
  • "Mas o vaidoso não ouviu. Os vaidosos só ouvem elogios."
  • "Mas ninguém lhe dera crédito por causa das roupas que usava. As pessoas grandes são assim."
  • "O que nos salva é dar um passo e outro ainda."
  • "O amor verdadeiro começa lá onde não se espera nada em troca."

No fim de O Pequeno Príncipe, o menino some no ar. De certa maneira, Saint-Exupéry também desapareceu como seu personagem. Acredita-se que ele foi abatido em combate em 1944, quando cumpria uma missão na II Guerra Mundial. Os dois meninos se foram. No entanto, ficaram as lições.

Fotos (ordem de aparição): por MundoPsicologos.com e divulgação

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Comentários 4
  • Ednêlza Abrahim

    Gostei muito do site. Conteúdo muito esclarecedor. Coisas assim acrescentam. Gratidão!

  • ana carolina

    cara,eu adoro essa historia de um jeito que nao sei nem explicar

  • Jullie

    Simplemente amei o texto!

  • Olívia Ornelas

    Boa noite! Tenho um sobrinho de 11anos que quer ler o a obra O Pequeno Príncipe e sua revolução Psicologica, a Dra acha que posso deixar que leia?

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