A memória

Podemos definir a memória como um processo cognitivo que inclui, consolida e recupera, toda a informação que aprendemos.

22 JUN 2017 · Leitura: min.
A memória

Tenho estudado Neurospsicologia e ficado cada vez mais fascinada pelo nosso sistema nervoso. Nesses estudos sobre funcionamento, localização, plasticidade neural e outros tantos termos que tenho revisitado, eu decidi escrever hoje sobre a memória.

No popular, a memória é como se fosse um arquivo mental, porém tenho aprendido o quanto esse processo cognitivo afeta muito mais que só um aspecto de nossa mente. Podemos definir a memória como um processo cognitivo que inclui, consolida e recupera, toda a informação que aprendemos. Ela está diretamente implicada na aprendizagem, assim como a atenção, que muitas vezes é apontada como grande culpada do fracasso escolar, sem pensar que além de aprender, é preciso evocar o que foi aprendido.

Existem vários tipos de memórias, daquelas que são envolvidas no aprendizado escolar, tem as chamadas autobiográficas, e precisamos cuidar de nosso tesouro mental. E de que forma podemos cuidar? Criando sempre novas memórias, que são distribuídas no cérebro de forma que a ciência ainda não conseguiu explicar. E a memória sofre perdas ao longo dos anos, e em momentos de adoecimento, como uma depressão, ela fica alterada, podendo até mesmo parecer um quadro de demência. Alías, nas demências, como o Alzeheimer por exemplo, ao mesmo tempo em que a memória está prejudicada para fatos recentes, como por exemplo o que teve no jantar de ontem, pode haver lembranças claras de um passado mais distante. O paciente freqüentemente se lembra e repete histórias de sua infância com riqueza de detalhes impressionante. A recuperação dessas memórias, por terem pistas mentais mais solidificadas são mais facilmente resgatadas.

Eu falei ali em cima que a memória inclui e consolida informações, mas eu quero chamar atenção justamente para esse processo de recuperação, a chamada evocação.

Bem ao pé da letra, a evocação é "processo de recuperação de uma memória alvo com base em uma ou mais dicas, trazendo-a para a consciência". Quem nunca ficou com algo para falar na ponta da língua e não lembrava. Muitas vezes a gente sabe de algo, mas fica faltando receber os estímulo correto para lembrar.

Falando em lembrar, eu me lembrei de um livro genial que eu preciso indicar por aqui! "O homem que confundiu sua mulher com um chapéu" de Oliver Sacks é um clássico. A ligação e empatia que Oliver Sacks, o autor/neurologista, possui com seus pacientes e suas histórias são tão fortes que já rendeu muitos e muitos livros, além de filmes e das aulas que ele lecionava no Albert Einstein College of Medicine (Nova York). Bom, o livro consta com 24 casos clínicos, divididos por classes de problemas neurológicos que podem parecer absurdos, mas são reais e servem de inspiração para várias séries que fazem sucesso, como Grey´s Anatomy e principalmente a aclamada House!

Tem um trecho do livro que eu acho importante, em que ele começa assim ao falar sobre Perdas:

"A palavra favorita da neurologia é déficit, significando deterioração ou incapacidade de função neurológica: perda da fala, perda da linguagem, perda da memória, perda da visão, perda da destreza, perda da identidade e inúmeras outras deficiências e perdas de funções (ou faculdades) específicas. Para todas essas disfunções (outro termo muito empregado) temos palavras privativas de todo tipo — afonia, afemia, afasia, alexia, apraxia, agnosia, amnésia, ataxia —, uma palavra para cada função neural ou mental específica da qual os pacientes, em razão de doença, dano ou incapacidade de desenvolvimento, podem ver-se parcial ou inteiramente privados."

Felizmente, ele trabalha as possibilidades, os desafios, as vivências, não só a impossibilidade... Vale a leitura! E como eu ressaltei esse trecho sobre perdas, que tal algumas dicas para ajudar a memória? Seja para prestar o vestibular, um concurso ou não esquecer a data de aniversário de namoro, a memória tem uma função primordial em nossa vida, então vamos às dicas:

  • Novidades em geral fazem bem à memória! Seja sentar num lugar diferente no ônibus para ver uma nova paisagem, ou experimentar uma nova receita. No fim de semana, vá ao museu, veja um filme diferente, coma num restaurante do outro lado da cidade. Isso exercita o cérebro e cria novas lembranças.
  • Converse com você mesmo. Se está na dúvida se tomou o remédio ou respondeu àquele e-mail importante, passe a conversar internamente como por exemplo: "muito bem campeão, tomou a pílula no horário hoje, amanhã vamos fazer igual". Ao fazer isso, é como uma nota mental que tal atividade foi feita e logo não restará dúvida que foi realizada.
  • Quebra-cabeça! Sim, esse jogo tão famoso ajuda muito na concentração e memória visual. Se não gosta de quebra-cabeça tem as palavras cruzadas, o sudoku, dominó e jogos de cartas no geral.
  • Alimentação a cada 3 horas! O corpo bem alimentado e cuidado, ajuda claramente no bom funcionamento cerebral.
  • Relembre seu dia. Antes de dormir, feche os olhos e pense nas atividades que realizou, no que sentiu, no que aprendeu, enfim, em tudo o que viveu.

São dicas simples que podem melhorar sua memória ao longo do tempo, espero que se lembrem delas!

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Escrito por

Psicóloga Iara Giraldi

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