A família está em crise

Uma das maiores frustrações deste final de século é a crise que se abate sobre a família. A desagregação da família tira o brilho do progresso, das conquistas e da expansão do conhecimento.

2 FEV 2017 · Leitura: min.
A família está em crise

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Neste ano que finaliza, 2016, um grupo de voluntários (do qual faço parte) desenvolveu um projeto titulado como "Resgatando Valores", em duas escolas da rede pública.

Após muitas observações, experiências, fatos e estudos, chegamos a conclusão que a família está em crise e de alguma forma precisamos ajudá-las.

Um amigo de profissão, Psicólogo Estevam Fernandes escreveu que "uma das maiores frustrações deste final de século é a crise que se abate sobre a família. A desagregação da família tira o brilho do progresso, das conquistas e da expansão do conhecimento que nosso século promoveu. Ver a família sendo destruída causa uma dor profunda na consciência dos que levam a vida a sério".

"O desmoronamento da família coincide com a crise da afetividade. A essência de nossas vivências está nos relacionamentos significativos, especialmente aqueles que se dão no âmbito de vida familiar. A afetividade é uma espécie de "cimento" na construção das relações humanas, e o homem do nosso século, preso às garras do individualismo, vai excluindo da sua vida a afetividade como algo relevante".

O que vemos ao desenvolver o projeto é exatamente isto, o individualismo tem sido difundido como algo produtivo e algo que deve ser conquistado. Uma coisa é ter seus direitos, seu espaço, suas vontades. Outra é não se importar com o próximo e achar que tudo gira em torno de si próprio.

Crianças e Jovens egoístas, que não conseguem amar a si mesmos, que não conseguem, se quer, respeitar os pais, os professores e os amigos. E vou mais além, acreditam que seus problemas são resolvidos no grito, na violência e até na morte (suicídio).

Fernandes sob o ponto de vista terapêutico relata que "cuidar da família implica um cuidado urgente de nós mesmos, especialmente no que se refere aos nossos sentimentos, pois eles é que dão sentido e consistência à nossa vida. Sentimentos sadios implicam em relacionamentos sadios e isso é também uma questão de aprendizagem, e exigindo um esforço de cada um de nós, para o bem da família. Aprender a amar, a valorizar os outros, a respeitar, a perdoar, a esvaziar-se de si, a abraçar, a valorizar os pontos positivos das pessoas, são gestos simples que produzirão mudanças profundas na vida em família. Dizer "eu te amo" é muito mais fácil do que alimentar o ódio. Nenhuma família sobrevive sem amor, pois somente ele produz em nós atitudes tais como: tolerância, misericórdia, paciência, confiança, perdão e renúncia".

Se para vivermos em família são necessárias todas essas atitudes, imagina na sociedade, na escola, com os amigos. A questão é que a família é o berço de tudo isso. É na família onde aprendemos e desenvolvemos tudo isso.

Uma pergunta que me faço sempre é o porquê as famílias estarem se "de-solidificando"?20161226110408-crise.na.educacao.familia

A resposta vem imediatamente em outra fala de Fernandes, "o cuidado urgente para salvar a família está na solidificação da relação marido/mulher, eixo básico dos relacionamentos familiares. Infelizmente, muitos filhos crescem sem ver sequer seus pais juntos, e outros, por sua vez, jamais viram os pais abraçados, vivenciando afeto e ternura. O modo de viver dos pais, afeta diretamente o modo de ser dos filhos, por isso mesmo, assistimos a um crescimento assustador de filhos drogados, rebeldes, agressivos, apáticos e inseguros. Quando se fortalece as bases, toda a construção fica mais segura".

Você pode estar pensando que seu marido não foi bom o suficiente para manter o relacionamento, ou que sua esposa não foi companheira. Pense que o relacionamento se faz a dois, ambos precisam avaliar todos os aspectos do relacionamento e rever onde precisam melhorar. Se um começa, o outro provavelmente seguirá as mudanças. Aos que estão pensando em casar ou constituir uma família, avalie tudo isso antes mesmo de constituir uma família. Reveja os pontos fracos da relação e mude. O perdão, o amor e a compreensão podem salvar muitas coisas.

Inspirados a escolher "Resgatando Valores" para nosso projeto, vimos que resgatar todos estes valores mudaria as famílias, a escola, os alunos e até os professores. Não que somos mágicos ou faríamos algum milagre, mas que algo nasceria no coração de todos, inclusive dos voluntários, nunca duvidamos.

Acreditamos que é fundamental para a saúde da família a revisão dos valores. Percebemos em nossas experiências que muitas famílias desenvolvem um mercado de troca em seus relacionamentos. O carinho só existe, se ganho algo. As palavras eu te amo, são expressas só se ganhar o que quero, só dou um abraço quando recebo um dinheiro em troca.

Estes valores devem ultrapassar o limite do material e das coisas transitórias. Quando um filho precisa de um brinquedo para sentir-se amado pelos pais; quando a esposa precisa de uma jóia para sentir-se amada pelo marido, é sinal que nesta família os valores estão invertidos, pois as pessoas devem valer pelo que são e sentem e nunca pelo que possuem ou possam oferecer.

Um outro aspecto não menos importante, é o resgate da fé. Quantas pessoas incrédulas. Os valores espirituais como fé, a esperança e o louvor. Não estou aqui pregando uma religião, uma denominação. Porém tentar "salvar" a família desta crise aguda sem a presença de Deus e a força do amor é, como disse Jesus, construir a casa sobre areia. - ao primeiro vento forte tudo cai.

Precisamos resgatar, construir, fortalecer, criar, solidificar e tudo mais que for necessário para termos nossas famílias estruturadas e pronta para o vento e a tempestade.

Se quisermos um mundo melhor, comecemos pelas nossas famílias.

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Escrito por

Jonathan Mazetti Lopes da Silva

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