Terapia sexual, quem precisa?

Existe um desconhecimento grande sobre o papel do psicologo frente aos transtornos que afetam a sexualidade. Estas questões são pontuais e de fácil compreensão para o clinico experiente.

18 ABR 2021 · Leitura: min.
Terapia sexual, quem precisa?

"Não é somente o amor que sustenta o relacionamento".

Cada idade traz consigo seus desafios de crescimento, quando escolhi trabalhar com pessoas que sofrem com a ansiedade na faixa etária entre 18 e 30 anos, ou seja, em pleno desenvolvimento. Em um primeiro momento não imaginei a quantidade de desafios relativos a suas vidas sexuais estes pacientes me trariam.

Ao perceber que boa parte das disfunções sexuais1 estão em comorbidade com transtornos da ansiedade2, decidi iniciar um curso de capacitação em terapia sexual, ministrado pela renomada sexóloga Barbara Alerth .

Boa parte de nossos conceitos sobre sexualidade ainda são ligados a crenças e tabus fortemente enraizados em nossa construção religiosa, histórica e principalmente cultural. Todo acesso a informação proporcionada pelas novas tecnologias em matéria de sexualidade gerou também muita desinformação bem como referências equivocadas oriundas de filmes pornográficos e da nudez tão explorada pelo entretenimento, culminado em gerações cada vez mais ligadas a padrões de aceitação, satisfação, insatisfação e performance simplesmente irreais.

A terapia sexual procura abordar com o paciente seus padrões e tabus, bem como o aprendizado que foi passado sobre sexualidade (seja por pais, amigos ou pornografia), entender suas primeiras experiências e a construção do prazer a partir de sua autoaprendizagem e como foi compartilhada inicialmente os parceirEs de sua escolha.

Todas estas estruturas são trabalhadas com base nas concepções cientificas mais atualizadas, visto que os estudos sobre a sexualidade humana, avançaram muito nos últimos trinta anos, tornando possível trabalhar sob uma nova perspectiva onde o terapeuta não só entende estas demandas, mas propõem e orientam exercícios e atividades em que o paciente deve vivenciar sozinho ou com seu parceirE a fim construir o próprio repertório ou ainda rever aquilo que lhe causa sofrimento ou falta de prazer.

Este tipo de terapia costuma ser breve e focada na queixa trazida, envolvendo os aspectos sentimentais, comportamentais e traumáticos que possam contribuir no sofrimento ali expressado possibilitando que o paciente melhore sua qualidade de relação consigo e com o outro (parceire).

Queixas frequentes trazidas pelos pacientes costumam se referir a:

  • Incapacidade de conseguir a penetração;
  • Dor durante a relação sexual;
  • Incapacidade de chegar ao orgasmo;
  • Falta de desejo;
  • Ejaculação precoce;
  • Dificuldade de conseguir ou manter a ereção;
  • Vício em pornografia;
  • Compulsão sexual, dentre outras.

A grande tarefa para a saúde sexual talvez seja a compreensão do prazer individual e do próprio corpo, passando em seguida para a exploração com o perceirE, ou seja, trata-se de uma linguagem que precisa comunicar.

Então mulher, saiba que as delicias do teu corpo estão disponíveis primeiro, para você mesma. Mara Jane Loyola

"Homem que tal pensar que você possui um órgão sexual enorme: sim a pele, claro!"

Este tipo de terapia pode colocar uma escuta em preocupações tão intimas e portanto tão difíceis de se revelar para alguém que não possui uma escuta profissional e treinada.

Notas:

Disfunção sexual1: Segundo o DSMV, as disfunções sexuais formam um grupo heterogêneo de transtornos, que se caracterizam por perturbação significativa na capacidade de uma pessoa responder sexualmente ou de experimentar prazer sexual, causando sofrimento no indivíduo.

Transtornos de ansiedade2: De acordo com a 5ª edição do Manual Diagnóstico e Estatísticos de Transtornos Mentais (DSM-5), da Associação Americana de Psiquiatria, os Transtornos de Ansiedade incluem transtornos que compartilham características de medo e ansiedade excessivos e perturbações comportamentais relacionados.

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Escrito por

Simone Zanetti Psicóloga

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Bibliografia

Sexualidade humana: entre o íntimo e o social. Mara Jane Loyola, 2020.

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