Psico e TV: o transtorno bipolar de Carrie Mathison em Homeland
Carrie Mathison, de Homeland, sofre de transtorno bipolar, um quadro que acarreta mudanças bruscas de comportamento, mas que não pode ser diagnosticado somente em base a este sintoma.
Lançada em 2011 e apesar de ser uma ficção, Homeland toca temas que continuam sendo preocupantes na realidade dos Estados Unidos: a guerra contra o terrorismo, a articulação da Al-Qaeda, as respostas governamentais através da Agência Central de Inteligência - a CIA, os excessos em nome da preservação da segurança e as articulações políticas que estão detrás desses acontecimentos.
À medida que a série avança e que os personagens vão revelando matizes importantes de sua personalidade, o transtorno bipolar passa a ser um ingrediente importante na trama, personificado em Carrie Mathison.
Aí começam as críticas, sobre se a forma como a personagem vive o transtorno é exagerada, caricaturada ou real. Na série, Carrie descobre ser bipolar na universidade. Ela tem histórico familiar, conhece os efeitos que podem provocar um transtorno assim. Entretanto, decide não se submeter a qualquer tipo de acompanhamento, usando a automedicação para mascarar e esconder seu problema.
Realmente é transtorno bipolar?
A primeira grande ressalva sobre como Carrie Mathison vive os sintomas do transtorno bipolar recai sobre a falta de coerência com o quadro clínico da doença. Sofrer alterações de humor é algo normal, não precisa ser bipolar para manifestá-las.
Além disso, os delírios paranoides e a instabilidade generalizada que a protagonista experimenta ao longo da terceira temporada seriam mais compatíveis com um quadro de esquizofrenia do que com um de transtorno bipolar.
Outro ponto altamente criticável no roteiro seria o fato de a personagem de Carrie Mathison frequentemente estar em situações onde representa um risco para si mesma e para outros, como consequência do quadro da bipolaridade.
O transtorno bipolar envolve episódios de mania, que poderiam "favorecer" a habilidade natural de Carrie Mathison de conectar peças importantes para a sua investigação. Jamais seria, entretanto, o causador dessa habilidade.
Alguns especialistas alertam para o perigo de trasladar para a TV transtornos psicológicos e psiquiátricos, sob o risco de a superficialidade contribuir mais para promover uma confusão generalizada que uma ruptura de preconceitos.
Então, quais seriam os sintomas do transtorno bipolar?
Antes mesmo de falar de sintomas, é importante ressaltar que o diagnóstico de um quadro de bipolaridade não é simples. A pessoa precisa passar por uma detalhada avaliação, que considerará seu histórico psicológico, biológico e social.
"Você precisa ter outros problemas relacionados a mudanças profundas de comportamento, como estados de depressão e mania intercalados, agressividade e profunda tristeza, prejudiciais a sua vida e a de outras pessoas. Além disso, esses comportamentos se relacionam com a história de vida e não apenas com alguns momentos vivenciados", pontua a psicóloga Juliana Monteiro.
Qualquer pessoa, se experimenta uma situação de stress ou confusão mental, pode manifestar mudanças de humor repentinas. E o medo de ser um transtorno bipolar não deve ser o único motivo para buscar ajuda profissional, já que é extremamente importante, para o bem-estar de qualquer pessoa, viver com equilíbrio.
"A bipolaridade tem a ver com genética e é um transtorno que precisa basear-se em um diagnóstico muito bem feito e elaborado. Não atribua um transtorno ao que pode ser apenas uma fase na vida, ok?", conclui Juliana.
Quer saber mais sobre os sintomas e o tratamento do transtorno bipolar? Recomendamos, então, outro artigo!
Leia mais: Transtorno bipolar: sintomas e tratamento
Fotos: por divilgação e Showtime
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Poder-se-ia dizer também que a personagem é ninfomaníaca?