Bloqueio criativo: como lidar?

Neste breve artigo vamos buscar compreender algumas causas e origens de um problema do mundo moderno: o bloqueio criativo. Também vamos tentar compreender como podemos intervir na situação.

13 OUT 2021 · Leitura: min.
Bloqueio criativo: como lidar?

Bloqueio criativo é um problema que atinge a muitos de nós e várias vezes só nos damos conta dele quando precisamos desempenhar alguma tarefa. A questão é que produzir ou performar uma tarefa demanda muito mais que mera concentração e criatividade. Não é como se esses elementos surgissem "do além". Eles possuem variáveis, assim como tudo o que vivenciamos.

Sattin (2014) postula que a criatividade, para ser exercita, necessita de fantasia e imaginação e, mesmo que, a distância nos pareça que isso é "coisa de criança, precisamos entender que nossa criança interna nos acompanha para o resto da vida. Além disso, a racionalidade da apoio a criação, mas quando em excesso, pode acabar por extingui-la.

Estamos acostumados a ver essa lógica de fantasia e imaginação como algo correlacionado à infância. A verdade é que as crianças não carecem de pudor ao mostrarem ao mundo que estão fantasiando. Não sentem vergonha de esconder isso de ninguém. Começamos a sentir certo receio de expor nossas fantasias durante a adolescência e essa crosta se firma ainda mais na vida adulta (Sattin, 2014).

É certo que a criatividade requer de nós algo completamente condenável pela sociedade – especialmente durante a vida adulta – o ócio. Não é possível inventar o novo ou criar o diferente se estamos inseridos numa máquina trabalhista que só fabrica rotinas. Por isso não demos ignorar a presença do contexto social em nossa produtividade, se não estaríamos sendo injustos conosco.

Outro fator que faz nossa criatividade ficar mais acuada é o medo de reprovações e falhas que nos é imposto o tempo inteiro desde que nos inserimos num ambiente escolar ou trabalhista. Se torna mais fácil "apostar no seguro" do que arriscar algo novo.

Souza (2017) afirma que todos nós temos algum potencial criativo, então não se sinta mal caso você não se considere uma pessoa criativa. Criatividade também é um exercício e demanda tempo, sendo muito afetada pelos valores morais e sociais. Apesar disso, seria um erro afirmar que podemos, por meio de uma formula, tornar as pessoas mais criativas. Não existe uma receita de bolo. Afinal, se existisse, não precisaríamos considerar todas as infinitas variáveis de um processo pessoal. Por isso apostamos universalmente na pluralidade das pessoas e no qual diversas elas conseguem ser, lembrando sempre de acreditar na resiliência humana e no seu potencial transformador.

Portanto, na vida real e rotineira, "ser criativo ainda é uma qualidade que vai muito além da lógica comercial, em seu cerne, a expressão da criatividade é uma necessidade da natureza humana" (Souza, 2017). A criatividade seria relacionada diretamente a sensibilidade e a consciência na busca pelos significados que damos as cosias. Entendemos que a criatividade se "desbloqueia" quando a pessoa se permite sentir as diversas sensações, sem medo de parecer algo, mas sim como expressão genuína de seus afetos e as afetações causadas por eles.

Assim, a criatividade vai ser mais facilmente explorada num terreno gentil, fértil à sensibilidade, sem o maquinário do industrial, do rotineiro ou das obrigações. Se estamos passando por um bloqueio criativo, podemos nos perguntar o que não estamos nos permitindo sentir. Novamente, não se trata de uma formula, é uma atitude especulativa que deve ser trabalhada num contexto de psicoterapia, afim de conhecer todas as possíveis veredas que se abrem ai.

O processo que vai se dar em terapia não se trata de buscar um elemento análogo e artificial à criatividade, não é como receber uma medicação, mas sim redescobrir aquela criatividade que já era nossa, mas nos fora bloqueada, tendo em vista que o elemento cultural pode ser a fonte dos bloqueios criativos (Souza, 2017).

Para dar um exemplo, podemos observar que ao ver um escritor super premiado, tendemos a considera-lo super talentoso, diferente de quando nos deparamos com um artista independente, principiante e "menor" pois estamos inseridos numa cultura de premiações, de congratulações pelo esforço do trabalho.

"A criatividade e, por conseguinte, o desbloqueio dela, vivem no reino das possibilidades e é indispensável que o sujeito explore as metáforas, investigue-se, destrua os velhos hábitos e (re)construa, por completo, hábitos motivacionais de excelência" (Souza, 2017).

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Escrito por

Eloisa Goronci

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Bibliografia

Sattin, M. T. (2014). A arte mágica potencializando a criatividade e rompendo bloqueios criativos. Universidade Fernando Pessoa. Porto, Portugal.

Souza, F. (2017). Reinventando o "Eu": proposta metodológica para agir sobre o bloqueio criativo. Universidade Federal de Pernambuco.

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