A arte como aliada, uma reflexão

A arte como uma atividade humana é sempre vista como algo positivo. Produzir arte, acima de qualquer coisa, é criar possibilidades - nesse sentido, sua utilidade na clínica é inquestionável.

26 AGO 2019 · Última alteração: 28 AGO 2019 · Leitura: min.
A arte como aliada, uma reflexão

Ao ter sido apresentada ao crochê aos 25 anos eu acabei entrando no mundo das artes manuais. Espaço imenso e rico - de ideias, pessoas e experiências, principalmente -, o processo de criar algo a partir de matéria prima é algo mágico e exultante. Especialmente quando o resultado final é uma "peça" única, algo próprio. É um processo, nesse sentido, análogo a qualquer outro processo artístico, e por conta disso é também referenciado pelos próprios praticantes, no senso comum, como um processo terapêutico.

Como ferramenta, a arte é, com certeza, um forte aliado. Pois, nesse espaço lúdico, de produção e criatividade, o sujeito pode criar possibilidades. Pode, com isso, criar um caminho quando a fala se torna difícil, que permita-lhe elaborar suas questões. Tendo, contudo, sempre um contexto clínico, pois a arte pela arte, assim como a fala pela fala, perde esse caráter terapêutico. O que retorna o meu relato inicial.

Muitas pessoas acreditam fortemente na ideia da arte como lugar de mudanças. Contudo, fazer crochê - ou tricô, ou escrever, ou pintar, ou atuar, ou qualquer outra atividade artística - simplesmente por fazer não representa necessariamente um encontro com suas questões, ou o início de um processo analítico. Pode representar uma melhora no humor, um apaziguamento da angústia, da ansiedade, um processo válido de descarga, que ajuda com relação ao estresse. Porém, seu potencial transformador pode ser muito maior.

Nesse sentido, em termos de prática, diversos foram os teóricos que apostaram nesse tipo de trabalho e deram certo, assim como as abordagens. Tais como o Psicodrama, uma abordagem que visa propiciar um espaço de elaboração das dinâmicas de certo grupo; e a Psicologia Analítica, que teve, através do trabalho proposto pela psiquiatra Nise da Silveira, uma grande expressão de produções artísticas com pacientes psicóticos. A questão então não é se a arte ajuda ou não, mas como ela, quando estruturada e manejada por um profissional capacitado, pode se tornar grande aliada no processo de análise.

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Escrito por

Psicóloga Inês Paixão Costa

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